A Sauvignon Blanc é famosa por fazer vinhos com personalidade, leves e refrescantes. Perfeitos para tomar bem geladinhos em um dia quente de verão – qualquer semelhança com a realidade atual é mera coincidência #soquenao.
Ela é muito conhecida pelos seus aromas herbáceos (algo parecido com grama cortada) que adicionam um toque único aos aromas de maçã verde e de limão siciliano que ela também traz para o vinho.
Só que esse é o “Lado A” da Sauvignon Blanc.
Ela é cheia de segredos no seu “Lado B”. E é sobre isso que vamos falar neste artigo.
Cuidado: se você continuar a leitura, você corre sério risco de se apaixonar pela Sauvignon Blanc!
5 coisas que você não sabia sobre a Sauvignon Blanc:
- Existe Sauvignon Blanc de outras cores
Existem mutações da Sauvignon Blanc em que ela apresenta outras cores. A Sauvignon Gris é rosada e a Sauvignon Rouge é tinta. Elas são principalmente cultivadas no Loire (onde são conhecidas por Fié), mas ainda em pequenas proporções.
- Na França, a região em que é mais plantada não é a sua região de origem
Apesar de ser originária do Vale do Loire e produzir excelentes vinhos no próprio Loire e em Bordeaux, a região da França em que a Sauvignon Blanc é mais plantada é o Languedoc, que fica no sul do país. A região do Languedoc, em geral, é muito quente para o cultivo da Sauvignon Blanc, mas, justamente por isso, acaba sendo uma boa área para o cultivo da Sauvignon Blanc em maior escala. A ideia é aproveitar a capacidade da Sauvignon Blanc de produzir altos rendimentos em um local em que ela amadurecerá facilmente para produzir vinhos acessíveis. A diferença principal dos vinhos de Sauvignon Blanc do Languedoc para os vinhos de Sauvignon Blanc do Loire é que, nos vinhos do Languedoc, ela não possui tanta intensidade de aromas e a acidez do vinhos do Languedoc fica ainda mais evidente, uma vez que, por conta do calor, as uvas costumam ser colhidas mais cedo.
- Tem Sauvignon Blanc na Borgonha (o reino da Chardonnay na França)
Existe uma denominação de origem destinada ao cultivo e à produção da Sauvignon Blanc na região da Borgonha, mundialmente conhecida pelo cultivo de Chardonnay e Pinot Noir. Essa denominação se chama St. Bris e produz vinhos de Sauvignon Blanc em um estilo bem mineral.
- A Sauvignon Blanc inaugurou o sucesso da Nova Zelândia na produção de vinhos
A Sauvignon Blanc foi a uva responsável por colocar a Nova Zelândia no “mapa dos vinhos”. Nos anos 1990 e 2000, a Nova Zelândia passou a produzir vinhos de Sauvignon Blanc que viraram sensação no mundo todo pela sua alta qualidade e pelos seus aromas distintos e intensos de maracujá. Foi a primeira onda de sucesso da Sauvignon Blanc fora do seu país de origem – a França.
- A Sauvignon Blanc foi por muitos anos confundida com a Sauvignonasse no Chile
Por muitos anos, a Sauvignon Blanc foi confundida com a Sauvignonasse no Chile, a qual é mais conhecida pelo seu nome italiano: Friulano. Acontece que, atualmente, a legislação do Chile considera a Sauvignonasse sinônimo de Sauvignon Blanc. Então, existem vinhos da Sauvignonasse rotulados como sendo de Sauvignon Blanc. Acredita-se que as plantações de Sauvignonasse são minoria e estão mais concentradas nas regiões do Maule e de Curicó. A principal diferença entre a Sauvignonasse e a Sauvignon Blanc é que a Sauvignonasse produz vinho com mais corpo, menos acidez, menos intensidade de aromas herbáceos e também com um toque de aromas de amêndoas torradas.
Para conhecer a Sauvignon Blanc ainda melhor
Agora é hora de conhecer a personalidade da Sauvignon Blanc na taça!
Separamos 2 vinhos incríveis que, além de mostrar todo o caráter dessa uva, vão cair super bem para te refrescar neste calor.
Vivalti Sauvignon Blanc 2020
Esse vinho mostra que os vinhos brasileiros não estão para brincadeira. Esse Sauvignon Blanc é produzido em Santa Catarina.
Aqui vamos te contar mais um segredo da Sauvignon Blanc. Dessa vez, no Brasil. Considere isso como um bônus para você que leu o artigo até aqui.
A Sauvignon Blanc gosta de climas frios, porque, nesses climas, ela consegue amadurecer de forma a intensificar seus aromas herbáceos. No Brasil – ao contrário do que muitos pensam – a região mais fria não é o Rio Grande do Sul, mas o Planalto Catarinense. Então, vale a pena ficar de olho nos Sauvignon Blanc catarinenses.
O Vivalti tem aromas e sabores de maçã verde e goiaba branca. O toque herbáceo de pimentão verde é mais sutil no nariz e, na boca, mostra sua intensidade. O que chama a atenção nesse vinho é a presença de um toque de jasmine e de pepino que são muito interessantes e não são tão típicos da Sauvignon Blanc. É um vinho muito bem feito e que surpreendeu pela complexidade atingida para essa faixa de valor.
Manos Andinas Sauvignon Blanc 2018
Ótimo exemplar de Sauvignon Blanc do Chile. Você vai encontrar aromas e sabores intensos de pêra, pêssego fresco e limão siciliano. Também tem o típico toque herbáceo de grama cortada. Esse toque herbáceo está bem elegante, nada excessivo. Tudo isso vem acompanhado de um toque mineral de pedras molhadas que deixa o vinho ainda mais diferenciado. O vinho entrega uma ótima relação custo-benefício. Ele tem mais presença de boca e mais intensidade do que se esperaria de um vinho nesta faixa de valor.
Vale muito a pena experimentar esses vinhos! Especialmente se você tem aquele “fraco” por harmonizações. Os dois têm uma acidez alta, o que – além de muito refrescantes – os tornam muito gastronômicos. Uma ótima ideia seria curtir esses vinhos com uma burrata.
Aliás, é exatamente isso que eu vou fazer agora!
Fui…
Até a próxima!
Deia Berthault
Sou uma nerd em vinhos com um parafuso a menos. Professora, estudante e apoiadora do movimento “Abaixo os enochatos” (…que nem existe, mas apoio! #enolegaisrock).
Fundadora do @redsubmarinewines e parceira da @wineriecom.
Parceria: Winerie