O que é esse tal de vinho laranja?
Se você gosta de ficar por dentro dos #trendingtopics do vinho, você já deve ter ouvido falar do tal “vinho laranja”.
De uns anos para cá, ele virou moda na cena hipster e, cada dia mais, vem conquistando o lugar de queridinho do momento dentre os enófilos de carteirinha.
Apesar de todo esse frenesi em torno dele, o vinho laranja está longe de ser uma invenção recente. Aliás, é um vinho de tradição milenar.
Neste artigo, vamos te contar tudo que você precisa saber sobre o vinho laranja para não ficar boiando nas rodas de conversa.
O que é o vinho laranja?
O vinho laranja é um vinho branco em que uvas brancas são fermentadas em contato com as cascas. Ou seja, um vinho branco feito como se fosse vinho tinto.
Um parêntesis para explicar isso melhor.
Vinhos brancos e tintos são feitos de maneiras diferentes, em geral.
A principal diferença entre os dois processos de produção é o momento em que as cascas das uvas são separadas do suco. Isso acontece na prensagem.
Nos vinhos brancos, a prensagem normalmente ocorre antes da fermentação. Já nos vinhos tintos, depois. Isso significa que, em geral, os vinhos brancos são fermentados na ausência das cascas e os vinhos tintos na presença das cascas – de onde extraem cor, taninos, aromas e sabores.
Se uvas brancas forem fermentadas na presença das cascas (como ocorre nos vinhos tintos), o vinho resultante terá uma coloração alaranjada/âmbar, além de taninos e aromas e sabores distintos.
De onde veio o vinho laranja?
O termo “vinho laranja” foi criado em 2004 por David Harvey, mas a história desse vinho é milenar.
Há mais de 6000 anos, produtores tradicionais da Geórgia (antigo Cáucaso) já produziam vinhos brancos fermentados com as cascas.
As uvas brancas eram esmagadas e inseridas – junto com as cascas, sementes e engaço – em grandes ânforas de argila, chamadas Qvevri. As ânforas eram, então, fechadas com uma tampa de pedra, seladas com argila e enterradas. Após 5-6 meses, o vinho era retirado das ânforas e consumido.
Esse método de produção ancestral é tão significativo em termos históricos que foi reconhecido pela UNESCO como sendo patrimônio intangível da humanidade em 2013.
O responsável por reviver esse estilo de vinho branco na modernidade foi Josko Gravner, famoso produtor de Friuli (região do norte da Itália), que desde o final dos anos 90 produz e comercializa vinhos laranja, os quais, na visão dele, deveriam ser chamados de vinhos âmbar.
Atualmente, muitos produtores de diversos países adotaram esses vinhos em seus portfólios.
O que esperar de um vinho laranja?
Os vinhos laranja são feitos em estilos que variam de leves a encorpados.
O tempo que o suco ficou em contato com as cascas é o que guia o estilo do vinho. Normalmente, o período de contato com cascas varia de semanas a anos. Quanto maior ele for, mais encorpado será o vinho.
Mas, de modo geral, além da cor alaranjada/âmbar, podemos esperar um vinho seco com taninos presentes (vai secar sua boca) e muita intensidade de aromas e sabores.
Os principais aromas e sabores desses vinhos são: apricot, ervas, nozes, castanhas, feno, casca de laranja seca, etc.
Nos estilos mais encorpados, podem aparecer notas de oxidação, p.ex. maçã envelhecida.
E então? Animado para conhecer um vinho laranja na prática?
O portfólio da Winerie.com está repleto de ótimas opções para você experimentar. Confira todas aqui.
Não podíamos deixar de mencionar que vinhos laranja combinam perfeitamente com pratos indianos que levam molho curry. Fica aí uma dica de ouro para o final de semana.
Até a próxima!
Deia Berthault
Sou uma nerd em vinhos com um parafuso a menos. Professora, estudante e apoiadora do movimento “Abaixo os enochatos” (…que nem existe, mas apoio! #enolegaisrock).
Fundadora do @redsubmarinewines e parceira da @wineriecom.
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